30 junho 2008

Que sempre seja intenso

“Cabeça de juiz é igual bolsa de mulher, a gente nunca sabe o que tem lá dentro”.

O resultado do jogo tão esperado para os Operarianos será decidido no Tribunal, casos excêntricos... Jogos onde a decisão não é tomada em campo, mas fora dele.
Ó do que a maluca ta falando agora?

29 de junho de dois mil e oito, o dia começou e eu já estava tensa... Era o dia de subir! Subir ladeiras, despencar objetos de prédios, ultrapassar as barreiras, quebrar seu próprio espaço...
Não, era o Jogo decisivo do campeonato paranaense série B: Operário X Foz do Iguaçu.
Um empate seria suficiente para estarmos na série A e o Foz precisaria ganhar de nós para conseguir essa vaga...
Um torcedor do Foz acaba tendo seu fim, ataque cardíaco antes mesmo do jogo começar. Ausência de uma Ambulância no momento exato e assim... Ele deixa a vida por amor ao time, fiel até seu último suspiro...
Quem dera se toda a torcida fosse fraternal...
15:30 o jogo começou e logo nos primeiros 4min. gol de cabeça pro Operário, a Zaga do OFEC estava impecável, porém o ataque era quase nulo e até mesmo o meio de campo parecia deserto... As faltas surgiam a cada passe um pouco mais decisivo, o que deixava a torcida e o juiz revoltado, além dos jogadores acabarem se machucando a toa, saíram cartões amarelos também...
Segundo tempo, aos três minutos: Gol do Foz, agora precisávamos nos empenhar para permanecer dessa forma o jogo ou virá-lo.
Nosso goleiro sente dores, já havia reclamado no primeiro tempo e agora parece mesmo que Felipe será substituído... Dida assume o gol do Operário Ferroviário.
É sempre tão difícil jogar fora de casa, a torcida adversário os pressiona e intimida, nosso brilho ofusca e nos sentimos frustrados, o que resta é vibrar e mandar energias positivas a nosso time que está lá na divisa do país!
42 minutos, parece que ocorreu uma falta ali no Dida... O Juiz marca o Pênalti pro Foz e agora?!
A Torcida de Foz vibra, eles vão ao delírio... O destino está colaborando, é chance de estar entre os melhores do Estado, é agora!
Por outro lado, Operarianos revoltados, com medo e jogadores tentando conversar com o Juiz, rever essa decisão, até o treinador está lá...
Parem! Olhem lá!!
A Torcida do Foz está invadindo o campo e destruindo tudo, a polícia tenta conter mas são muitos... Intimidando os jogadores do Operário que abandonam o campo por falta de segurança...
Uns morrem por amor, outros... destroem com a essência do mesmo sentimento.
Não há fadas e nem magia nessa história, nem algo tão literário... Mas há a arte, a vejo presente em cada passe e cada rumo que ela levou, trilhou e consolidando a imagem de um fim que ainda está um pouco longe de chegar e com todas as dúvidas de que será feliz ou não... de maneira imparcial, será impossível.
As histórias, talvez todas elas não sejam unânimes, há sempre quem sai prejudicado e sempre torcemos por um dos lados, o meu é Operário, o único lado e a única bandeira que carrego.
Foi tanta euforia e sentimentos aflorados em toda aquela torcida fervorosa, foram risos de nervoso ou fé de que daria tudo certo, foram choros, foram dramas e caras surpreendentes, lágrimas...

O que me deixa inquieta é pensar naquele torcedor...
Quantas vezes a gente não destrói aquilo que mais ama? Enquanto outros, calados, enfrentam de uma forma diferente.
Existe uma forma correta e coerente de amar e ser amado?
Sei lá... Só quero que sempre seja intenso.

27 junho 2008

Cinco da manhã, sou um...

Temas... Diversas “realidades” num mesmo mundo real e no fim como aborda uma vez, abordamos todas as outras essa existência de mesclar a utopia ao real e vice-versa e versos em prosa...

Eram cinco da manhã e meu relógio despertou lá na cozinha...
Não consegui me lembrar a quantos dias estava dormindo e muito menos que dia era agora.
Café – Açúcar – Leite – Torrada – Manteiga – Café, pensando nesse banquete caminhei no corredor escuro... Tateando a parede a procura de um interruptor vejo meu cinzeiro com um cigarro fumegando e ao lado meu rádio-relógio sobre o microondas...
Cinco da manhã, não importa o dia, enfim... Devo ir ao trabalho.
Sou um operário de um pouco mais de trinta, talvez bastante mais, mas isso não importa... Tento me lembrar que dia é hoje.
Meu trabalho não exige muito da minha mente, enquanto exerço minhas tarefas procuro viajar até a casa da minha avó.
Não sei que dia é hoje, porque meu cigarro fumegava no cinzeiro ou como o rádio-relógio foi parar sobre o microondas... Mas era uma tarde de sol, sentia o cheiro dos bolinhos de chuva da vovó e todos os meus primos correndo no gramado sobre a jabuticabeira enorme que havia no quintal... Não sei se era mais gostoso fazer guerras com as jabuticabas ou saboreá-las enquanto ríamos contando histórias... Nesse dia eu havia me cortado com uma das máquinas da produção e por isso fui transferido a grande árvore de jabuticabas novamente, onde tive meu braço quebrado pela primeira vez... Fui tão paparicado, comi tantas guloseimas que passaria o resto da vida quebrando os membros.
Voltando pra casa eu esqueci do braço quebrado e lembrei que não fumava. Eu tinha um cinzeiro que havia comprado numa viagem, ele era tão bonito... mas de quem seriam as cinzas e o cigarro?
Abri a porta da sala com delicadeza para não atrapalhar quem estaria no meu solitário apartamento...
Surgiu uma bela moça na minha frente, ela era linda, mas não senti nenhum interesse e não conseguia entender o que me impedia, de repente percebi... era minha irmã e me veio as lembranças do tempo que morávamos na mesma casa, quando fui morar sozinho ela ainda era uma menina, uma tia havia falecido e por isso ela estava em minha casa.
Minha irmã fumava, mas deveria ter lembrado que a fumaça do cinzeiro seriam as cinzas da irmã mais nova de nossa mãe, deveriam ter me alertado... meu relógio estava na cozinha porque minha irmã pediu para deixa-lo lá para que pudesse ver as horas durante o dia, ela parecia abatida. Eu não entendia muito bem.
Cinco da manhã, Fábrica.
Hoje lembrei das últimas peladas na rua de casa...




Real ao utópico! – Vivemos nossas realidades.

23 junho 2008

Vinho branco com licor e açucar refinado...

No gosto amargo
Na nostalgia... Romântica, empírica
No embriagar sem causa...
Na melancolia, tão atroz...
Os sinais fecham, o tempo acaba e o que resta...
Sempre há um resquício daquilo tudo
Do bem... Do mal e do que pode ser pior...
A nostalgia aflora-se novamente, por mais doloroso que seja...
Ela forma-se novamente
Vamos! Supersaturada a diluição desse açúcar...
No fundo do meu copo só sobram os grãos...
O resto é uma pequena quantia de líquido pra uma imensidão formada pela poeira...
Da poeira forma-se o caos, os espaços sem preenchimentos...
Na poeira cabe toda mágoa, todo o rancor dali
Ali... Depositado junto ao escarro.

[Da melancolia, aos dias de paz; da utopia ao almejo seguro; da falta de, para o contentamento; dos momentos com riso, às lágrimas descontroladas; aos grãos...]
Dos grãos que construo um lar
Dos grãos que despejo meu mar
Dos grãos que formo as barreiras
Enchendo papos de galinhas, sobressaindo dos menores, empurrando as escórias desse mundo devastado...
Onde se formam outros grãos
E toda sociedade em cacos que se inferiorizam, transformando-se naquilo de menor.



A poesia não me faz melhor, quando tudo que tenho são os trechos do meu mundo e a prosa mal elaborada da mesma forma...

15 junho 2008

Destorcendo o tempo

Roubaram seu computador e o que mais machuca são todas as lembranças...
A nostalgia é relatada e absurdamente perspicaz, num nuance torna-se essencial e tudo que se perdeu e nossas memórias fracas...
Das memórias fracas lembro-me de flashes de uma semana turbulenta da qual os detalhes não cabem mais a minha fraca lembrança, sentindo uma falta de todas as sensações que posso nem ter chegado a curtir por faltar tempo de degluti-las.
Isso é abstinência teimosa de um pedaço esdrúxulo de papel e uma caneta da boca do lixo e o tempo mal utilizado.
Do tempo reconstruo propostas literários de sentidos inversos, sendo cúmplice, réu, mocinho, ladrão, inconveniente e suas extremidades, sinônimos, adjetivos, fantasias e analogias mal elaboradas...
Relações entre determinadas coisas, sendo quase todas sem restrições entre laçadas de forma direta ou indiretamente, todas fazem parte da mesma coisa, isso lembra-me “Regurgitofagia”.
Há muito tempo não o citava, Michel Melamed e suas analogias, despidas, curiosas, inspiradores, provocativas. A citação nada mais é que isso.
Arte, o acaso – seria dela feita o acaso, ou seria por si “o acaso”. Perguntaram-me ainda, se não estaria faltando um “a”. A onde? Numa reconstrução.
Vamos desfragmentá-la:
Antes de obter uma resposta da localização de um “a” que até então parecia-me inútil, passei despercebida..
“A arte, o acaso” – Pronome definido feminino ligado a palavra “arte”.
“Arte a, o acaso” – Ã?
“Arte ao acaso” – Lembrando que aquela vírgula (nas anteriores) não existe no link, é interpretada pelo dono da idéia [eu mesma]. Acho que foi isso que quiseram me dizer, “ao acaso” seria produzido [a arte] ao acaso.
A arte, na concepção desse blog não cria uma relação entre o “acaso” e a “arte” e sim expõem a “arte” como sinônimo de “acaso”.
A arte é o acaso, em outras palavras (elas sendo acrescentadas...).

Contaria uma história...

11 junho 2008

Da Utopia ao Real...

Disseram por aí que amanhã é dia dos namorados...
Deve ser legal esse dia né? Teoricamente cessam as brigas, ganham-se presentes bonitos, que tanto queríamos, românticos, criativos, surpreendentes... Muito carinho, muitos sorrisos, podia até chamar o “Dia do conto de fadas”, ser um feriado também não iria nada mal...
Esse momento que eternize: Faltava um pouco de tudo para um post e agora sobra um pouco desse tudo.
Uma ligação pode mudar muitas coisas, mata-se a saudade, noticias chegam, sentimentos afloram... nostalgia.
Do utópico ao Real, entre os extremos existem todo o resto...
Apesar de ter do Muito, faltam-me maneiras de expor isso tudo, é complexo e extenso:
Pegar fragmentos dessa história, juntar tudo e misturar, recondicionar, criar um conto de fadas, magia, Luz, ação!- Já foi tudo gravado até aqui, daqui pra frente é conseqüência de um passado, como sempre foi e sempre continuará sendo até o fim.
Não to inspirada, só estou a sentir...

05 junho 2008

Nossas tempestades...

Meu caro amigo, há dias tenho pensado em lhe escrever uma carta, como vão seus filhos e a esposa? Mande lembranças
e abraços saudosos.
Os dias por aqui andam complexos, nem tão óbvios, mas longe de uma coerência. As manhãs são frias e rotineiras, assim como o clima, o convívio social não parece diferente, o problema nem é tanto a frieza e sim o vento cortante, a estupidez e o mau humor das pessoas invadem meu ego e poderosamente me gelam também, mas nada que um solzinho ao meio dia não amenize, ainda no conveniente, pela tarde surgem as surpresas, as vezes tempestades, as vez um calor maravilhoso e as noites prolongam da mesma forma.
São dessas tardes de surpresas que gostaria de alongar minha humildade correspondência.
O reflexo de um belo dia deveria seguir da mesma forma, as vezes a tempestade vem encharcada de alegrias e o dia que prossegue é de sol, mas se fecha em si, se torna úmido e escuro.
Haveria de alguma forma critérios ou explicações para os extremos se cruzarem em pequenas frações de tempo? Qual a razão de tanta incerteza?
A monotonia condena e a extravagância confunde, o que faço com todos os problemas de “aquecimento global”?!





Os dias passavam, as temperaturas caíam e o tempo fechava.
O menino crescia, seu humor piorava e ele se fechava para o mundo e a sociedade, em pouco tempo haviam grandes tempestades...

Manta Xadrez, boa música, uma caneca bem grande com chá fumegando e as baixas temperaturas completam o clima melancólico e conflitante.
Quantos dias ainda faltam para o fim do mês? E da semana? Puts amanhã já é quinta e as palavras tomam o espaço do que deveria ser reservado ao útil e não as queixas do tempo, isso mais parece conversa de desconhecidos... Se bem que... Eu não conheço você e tampouco você me conhece!

- Será que chove amanhã?
- É... O tempo tá fechando.
- Não só o tempo, as pessoas também
- Como?
- É, elas se trancam nas suas fantasias, criam realidades utópicas e reconstroem a sociedade, as dificuldades, os problemas mundiais do jeito mais egocêntrico...
- Nós falávamos da chuva!
- não me olhe assim, falávamos, de fato, da chuva... As pessoas quando se trancam em seus mundos, evitando o contato com todo resto, criam também suas tempestades...
- O que interfere uma coisa n’outra?
- Se está chegando o fim de semana, a temperatura caindo e os planos e a grana se esgotaram, aí parece que vai chover... Logo você pensa em?
- Um filmezinho, cobertor, pipoca...
- Certo! Há algum problema nisso?
- Não... Muito pelo contrário, não poderia ser melhor.
- Agora... Você está no meio da semana, vai trabalhar de ônibus e o ponto mais próximo do seu emprego é há uma quadra de distância, a temperatura cai e vai chover, logo você pensa em?
- Como eu tenho azar, que vou ficar todo molhado e as pessoas vão estar estressadas, inclusive eu!
- Então... Como a chuva não interfere nas tempestades pessoais?
- É, mas isso é loucura!
- É a minha loucura e você não tem nada a ver com isso!
- Ta... Meu ônibus chegou, até mais mocinha!
- Até senhor, tenha um bom dia!