30 abril 2009

Uma Puta no Mundo

A Casa 731, não era bem uma casa, ela tinha os números de uma casa e sempre estava na rua para quem procura uma, mas ela circulava para cima e para baixo com o número de plaqueta de indicação de casa pendurada em sua traseira e quem é que fosse perguntar ao seu dono, ele diria: essa é minha casa, número 731 sem rua.

Todas as ruas eram da Casa 731, cada esquina, cada frente dos comércios, cada espaço por onde ela trilhava e inventava e desviava e recriava seus próprios caminhos, sem nunca deixar de pensar que era o lar daquele menino, ele cresceu junto dela e desde que esteve ao seu lado, nunca mais quis saber de outra paixão e as outras que surgirão, vai ser ao lado da maior!

Um dia eu estava voltando para o meu apartamento, um de concreto que fica parado como ao lar de [quase] todo mundo e o vi com a Casa 731 na minha rua, parecia apressado, há muito tempo não o via, eu tinha acabado de mudar para aquele bairro e não sabia que ele também circulava por essas bandas e comecei a me perguntar quando aquele garoto a largaria, ela já estava velha, meio enferrujada e a placa já nem dava pra enxergar direito, entrei em casa e logo esqueci do garoto e a Casa 731, eu estava ficando velho e não existia nada que eu ainda carregasse comigo, que soubesse tão bem de mim quanto eu mesmo, que dividisse quase todas as minhas histórias e me senti desamparado, me senti uma puta do mundo.

            Não tenho um companheiro de uma vida toda, sempre escondi meus sentimentos, sempre tive medo de beber por ter medo de dizer o que me arrependeria depois, por sair a conversar com estranhos, vivi quase toda minha vida sozinho, deturpei meus sonhos, chorei sobre lugares e em ocasiões diferentes e tive ao meu lado sempre alguém diferente, sempre tão inflexível, tão ególatra, sempre eu e percebi que de tão eu que fui, não tinha nem uma casa que me acompanhasse pelo resto da vida, vivia de aluguel num apartamento na Rua Alfredo de Azevedo, completamente só.

            Talvez eu compre uma bicicleta pra chamar de Casa ou um cachorro, ou seja mais fácil começar a beber...

10 abril 2009

Um monte de anseios

Esperando... Ansiosamente para tantas coisas, a gente parece que vive sempre nisso de esperar, de ver o resultado, do que disseram, o que fizeram, como ficou... Numa curiosidade, num troço aqui dentro que nos faz criar e imaginar de tantas maneiras, é como se muitas vezes o instante agora fosse aquela aflição de um futuro que depois vai ser nostálgico, os momentos mais prazerosos duram tão pouco comparado ao tempo que somos capazes de esperar por eles...

Não vejo a hora de comer chocolates, de pegar a “GAZETA DO POVO” segunda-feira, de receber a carta com um quadro que vai chegar e de tantas coisas mais e tantas coisas menos que não quero que cheguem.

Tempo que não passa ou tempo que passa rápido demais e coexistindo perdida nos períodos eu vou vivendo minhas aflições, compartilhando alguns entusiasmos e anseios e no ócio de alguns momentos: reparto, encaixo, canso, descanso, choro, rio, abuso, sinto, danço, escrevo, leio, sonho, espero, crio os verbos, elaboro novas frases, preencho o espaço e dou abraços!!

Tchau... Até a próxima, talvez lhes conte meus momentos, talvez reclame ou apenas invente alguma besteira e os faça acreditar!

02 abril 2009

Gê, eu ainda sou Humana!!!

Esse último ano do meu Ensino Médio tem sido não só desgastante como também preocupante:

São muitas exigências, são muitas responsabilidades que surgem cada dia mais e se tudo girasse em torno disso, tornariam as coisas um pouco mais simples, porém, tenho uma família, um namorado, amigos e não posso esquecer que não sou apenas um cérebro ambulante, tenho que me preocupar com meu bem-estar físico e psicológico.

            Estou dizendo tudo isso, porque há pouco estava pensando no novo projeto de Getulio Guerra com o “PrasBandas” de oficinas de Astrologia, Cinema & Vídeo, Fotografia e Música para a comunidade de bairros que compõem a periferia da cidade de Curitiba e o que isso tem de reflexão na minha vida é que foi difícil tomar uma decisão sobre o que cursaria numa universidade, pensei em várias coisas e todas elas ligadas à humanas, o que já eliminava muitas opções e facilitava minha árdua tarefa de selecionar um curso.

            Quando falamos de outros Seres Humanos, penso na responsabilidade das profissões que se relacionam ao auxílio e assistência de pessoas, pessoas não são receitas prontas, cálculos exatos, os seres humanos são totalmente imprevisíveis e complexos no mais profundo significado que a palavra possa abranger e tudo isso me deixava bastante preocupada com a decisão que por fim, vim a tomar. Até agora ainda fico, estou com os olhos lacrimejando e aflorando minhas dúvidas a respeito da responsabilidade AINDA maior do que as que eu tenho enfrentado.

            Pensar na grandiosidade de cada um, de suas idéias, personalidade, caráter, perspectiva! Que era o ponto onde queria chegar. Podemos analisar qualquer coisa que seja de modos tão diferentes, julga-los e não estarmos errados, nem eu, nem você nem o outro.

            Aqui nos meus devaneios e pensando no projeto do Getulio e "PrasBandas", refletia sobre a responsabilidade de TRANSMITIR, APRESENTAR, TRANSFORMAR, FAZER arte, a arte são como as pessoas! A responsabilidade de transmitir pontos de vista sobre arte é tamanha que me dá calafrios ao pensar no quanto eu também gostaria de estar com o “PrasBandas” nessa tarefa  complexa, mas tão gratificante.

            Complexa porque fazer arte, como quase tudo é visto por pontos diferentes: Quem cria vê de uma forma, quem reproduz ou adapta de outra, quem assiste ainda de outra e quem julga talvez de outra e dessas 4 formas ainda podem surgir 8-12-16-400-4000... que criarão uma eternidade de perspectivas, de valores agregados, de sentimentos, de idéias, desejos e isso tudo porque a Arte é tão humana como quem a produz e transmitir formas de criar, formas de “trabalhar” é como ensinar alguém a Amar! Não se ensina a amar, apenas se ama!

            Se eu pudesse dizer algo aos que farão as Oficinas, seria: Sintam cada idéia que for transmitida, não há uma receita, um padrão ideal, uma critica perfeita porque muitas vezes nem nós mesmos conseguimos transmitir o que sentimos, muito menos saberão nos compreender. E produza aquilo que você acha que deve, seja de modo rebuscado, claro, abstrato... Não importa, é o seu modo de enxergar as coisas e ninguém enxerga com seus olhos, apenas você mesmo!

            Ao PrasBandas meu todo apoio, mesmo que distante e minha total confiança do sucesso e competência de cada um de vocês.