19 janeiro 2015

Tempo próprio

Um livro por acaso veio parar em minhas mãos, era de um autor que muito apreciava, me sentia atraída imediatamente.
Comecei a lê-lo e a história do personagem, de alguma forma me aproximava dos conflitos e crises que passava em minha vida pessoal e aquilo me fez refletir ainda mais, ao ponto de que não poderia mais prolongar uma decisão.
Depois de tomá-la me permiti ser mais leve e aproveitar um tempo sem responsabilidades, apreciar a beleza dos dias por ela mesma, me interessar mais pelas pessoas e pelo o universo que cada uma delas nos apresenta, e por fim, me ligar mais as formas de demonstrações artísticas: ouvir mais músicas, ler e escrever literaturas, apreciar imagens e filmes...
Percebi o poder da leitura novamente... Havia me esquecido o quanto era maravilhoso mergulhar nos livros de literatura e deixar fluir a imaginação, construindo imagens e sentimentos através das descrições lidas, criando sentimentos pelos personagens, pelos lugares e por vezes se reconhecer ou se sentir provocada à refletir sua própria vida, suas histórias e os personagens reais que a constroem.
            Tenho um tempo próprio de realizar minhas leituras, é como se pra ler eu necessitasse de inspiração, da mesma forma que produzir qualquer arte nos necessita. A leitura me exige um determinado estado de espírito e de minha alma e isso me torna, por mais tempo presa a um livro, do que a maioria das pessoas. Cada página a imaginação percorre as linhas, e sorrisos, choros e caretas desenham-se no meu rosto.
            O mais difícil, desde adolescente são os finais dos livros. Já perdi as contas de quantos não terminei, restavam pouquíssimas páginas e eu deixava por assim ser. Não compreendo ao certo porque o fazia talvez medo de me decepcionar com o fim ou por puro apego. Apegada, por vezes às histórias e personagens e agora, num momento de transição de minha vida pessoal, onde me restam mais dúvidas do que certezas, onde as responsabilidades são só anseios e desejos, pois não existe nada concreto a ponto de me trazê-las, criei um círculo de amizades que condiz com outro período e tudo isso me aproxima, de alguma forma, a adolescência novamente e me lembro do quanto a arte foi presente nela e distante na fase que veio a seguir.
            Busco de forma um pouco confusa recuperar a poesia que transformava minha vida, é confuso mas um tanto apaixonado: tenho visto a vida com cores mais vibrantes e reparado nos detalhes, construído sensações em mim das sensações do mundo, me percebendo parte dos lugares por onde passo e transformando o acaso para além da coincidência, buscando compreendê-lo de forma mais poética, despertando em mim um auto interesse, sentindo prazer nas minhas experiências e curiosidade em saber o que vem a seguir, na minha própria vida.
            A literatura tem um poder mágico, a arte de uma forma geral o tem, tanto quanto os amigos e as pessoas que amamos, pois com arte nunca estamos sozinhos, são universos que saltam aos nossos olhos e/ou ouvidos.

            Talvez falar da arte soe tão clichê quanto de [des]amor, mas acho que assim o é, porque a arte e o amor nunca andam distantes... Só que isso, já é outra história!

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