Um livro por acaso veio
parar em minhas mãos, era de um autor que muito apreciava, me sentia atraída
imediatamente.
Comecei a lê-lo e a
história do personagem, de alguma forma me aproximava dos conflitos e crises
que passava em minha vida pessoal e aquilo me fez refletir ainda mais, ao ponto
de que não poderia mais prolongar uma decisão.
Depois de tomá-la me
permiti ser mais leve e aproveitar um tempo sem responsabilidades, apreciar a
beleza dos dias por ela mesma, me interessar mais pelas pessoas e pelo o
universo que cada uma delas nos apresenta, e por fim, me ligar mais as formas
de demonstrações artísticas: ouvir mais músicas, ler e escrever literaturas,
apreciar imagens e filmes...
Percebi o poder da
leitura novamente... Havia me esquecido o quanto era maravilhoso mergulhar nos
livros de literatura e deixar fluir a imaginação, construindo imagens e
sentimentos através das descrições lidas, criando sentimentos pelos
personagens, pelos lugares e por vezes se reconhecer ou se sentir provocada à
refletir sua própria vida, suas histórias e os personagens reais que a
constroem.
Tenho
um tempo próprio de realizar minhas leituras, é como se pra ler eu necessitasse
de inspiração, da mesma forma que produzir qualquer arte nos necessita. A
leitura me exige um determinado estado de espírito e de minha alma e isso me torna,
por mais tempo presa a um livro, do que a maioria das pessoas. Cada página a
imaginação percorre as linhas, e sorrisos, choros e caretas desenham-se no meu
rosto.
O
mais difícil, desde adolescente são os finais dos livros. Já perdi as contas de
quantos não terminei, restavam pouquíssimas páginas e eu deixava por assim ser.
Não compreendo ao certo porque o fazia talvez medo de me decepcionar com o fim
ou por puro apego. Apegada, por vezes às histórias e personagens e agora, num
momento de transição de minha vida pessoal, onde me restam mais dúvidas do que
certezas, onde as responsabilidades são só anseios e desejos, pois não existe
nada concreto a ponto de me trazê-las, criei um círculo de amizades que condiz
com outro período e tudo isso me aproxima, de alguma forma, a adolescência
novamente e me lembro do quanto a arte foi presente nela e distante na fase que
veio a seguir.
Busco
de forma um pouco confusa recuperar a poesia que transformava minha vida, é confuso
mas um tanto apaixonado: tenho visto a vida com cores mais vibrantes e reparado
nos detalhes, construído sensações em mim das sensações do mundo, me percebendo
parte dos lugares por onde passo e transformando o acaso para além da
coincidência, buscando compreendê-lo de forma mais poética, despertando em mim
um auto interesse, sentindo prazer nas minhas experiências e curiosidade em
saber o que vem a seguir, na minha própria vida.
A
literatura tem um poder mágico, a arte de uma forma geral o tem, tanto quanto
os amigos e as pessoas que amamos, pois com arte nunca estamos sozinhos, são
universos que saltam aos nossos olhos e/ou ouvidos.
Talvez
falar da arte soe tão clichê quanto de [des]amor, mas acho que assim o é, porque
a arte e o amor nunca andam distantes... Só que isso, já é outra história!
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