11 novembro 2008

A volúpia do insulto

Deu-me uma vontade louca de brigar... É, perder meu tempo em conversas sem fundamentos, utilizando mil e um argumentos que serão em vão quando virarmos as costas e percebemos que nada mudou na opinião do outro, com quem discutia...
Mas que apesar de saber a conseqüência não me afasta nenhum pouco do desejo de sair do modo passional, cansei das conversas dos amigos numa mesa de bar.
A boêmia foi minha companheira nos melhores e nos piores momentos, nos mais solitários, era com ela que dividia minha carência, com ela que me inspirava e reencontrava algo que me desse um sentido, nem que o único sentido fosse beber ao som de uma boa música, ao menos não faria aquilo de maneira vã... Nos momentos felizes usava dela como desculpa pra “comemorar” e assim passaram os anos.
Arrumei empregos, estudei, mudei várias vezes de companheiras e de grupos sociais, diferente do que muitos pensam, a boêmia não fez de mim um vagabundo, muito pelo contrário.
Talvez ela fosse a única que fazia da minha vida um pouco menos desregrada, por ela tornei-me leal e companheiro, não a abandonei, amadureci... Meu relacionamento mais sólido, minha única “fiel escudeira”!
Agora o que me importa é uma bela briga, não precisa ser física, a verbal me satisfaz, preciso de palavrões, da intensidade e do ardor pelo que defenderei!
A boêmia me tornou calmo e hoje o que quero é a Adrenalina que há muito me esqueci, num passado cheio de outras faces e de uma personalidade ainda vulnerável, quero voltar no tempo de minhas maiores inseguranças e do modo mesquinho de auto-afirmação! Quero sentir de novo a volúpia do insulto e a sanha de ser insultado...
Quero explodir de raiva, ficar vermelho por sentimentos aflorados e não mais pelos porres, nem que seja preciso uma humilhação, ser humilhado nos inspira a seguir de maneira diferente, nem que eu me arrependa e leve um murro pelas duras palavras ofensivas, eu quero isso! Eu preciso disso!
Cansei dessa mesmice, cansei da minha vida sempre tão pacata e da paz... Do conforto e tolerância, eu quero desabar em prantos e fúria, gargalhar tão alto quanto os meus sonhos e explodir em sentimentos extremistas de ódio e imensa paixão...
Defender com unhas, dentes, garra e argumentos convincentes ou não tudo aquilo que eu acredito sem ter certeza se é o certo, mas apenas por lutar, lutar por alguma coisa e não hesitar, não mais...

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