As cortinas seguiam a posição que o vento da fresta da janela coordenava, invadindo o quarto, aquela luz branca... Eu acordei e fiquei observando a cortina bailar de frente a janela, parado... Ali diante de um ato tão banal, mas que naquele instante deixava de ser, mesmo sem eu ter me dado conta disso.
O dia seguiu sua trama rotineira e eu inserido numa realidade que muito rejeitei, muito evitei, mas estava nela e agora não podia colocar de fronte aos meus ideais e princípios que não fazem nem nunca fizeram diferença alguma pro resto da sociedade e suas morais pré estabelecidas.
Pensei em quantas vezes fui como a cortina: Dançando conforme a música.
Dancei conforme a música, segui aquilo que me mandaram seguir, ultrapassei meus princípios e aprendia a ceder e ser flexível, não que só houvesse o mal em todas as posturas que o mundo me forçou a ter, não que restassem apenas a essência... Se eu pudesse que tudo fosse diferente, se o vento não coordenasse minhas idas e vindas e a luz não fosse cegamente branca, talvez tivesse chegado onde sempre quis estar, fosse um pouco menos as minhas frustrações e os dias teriam todas as cores e eu não estaria preso num trilho onde meu caminho é sempre o mesmo e minha função também.
Não quero ser apenas uma cortina, vendo o mundo da janela sem nunca poder tocá-lo, sem nunca chegar onde a vista já não alcança.
19 outubro 2008
12 outubro 2008
Ritual de iniciação.
Todos os dias passo por alguma situação inusitada, por menor que sejam... São nesses pequenos detalhes que traduzo longas linhas de um novo conto, são neles que encontro o reflexo de toda uma história, de uma história que já possui um passado e tenho a árdua tarefa de criar seu presente com uma certa coerência, coerência essa, que muitas vezes é tida com apenas uma intuição.
O futuro da história torna-se conseqüência do que criei, do que desejei aos meus personagens, eu me sinto como... Como se fosse o destino, eu sou o destino que impôs determinado comportamento diante de vidas que já se ocorriam, que já se viviam em lugares e pensamentos remotos, criações não são apenas elas, assim... A esmo, cabe a mim o papel difícil de julgar, de explicar suas ações e tentar compreender e transmitir o que eles sentem, como a cena prosseguiu e alguns por quês que muitas vezes nem mesmo eu posso saber, são tantos os segredos e mistérios do comportamento humano, são tantas as dúvidas e razões de estarmos ou deixarmos de existir e são tantas as escolhas, como sentenciar certos atos e descrever num impulso o reflexo de um bom ou mau dia, transformar o simples em algo tão grandioso.
Minhas palavras são a única coisa que realmente possuo, são apenas minhas e de todos aqueles que criei resgatando de alguma parte, mas são só minhas... Meu lado egoísta, o meu orgulho e satisfação no produzir, no sentir que ao menos nas poucas vezes que sento diante desse computador ou com uma caneta e um velho caderno ou folha de papel transformo o que quero e sei que isso é o meu trabalho, a junção das palavras em frases que fazem um pouco de sentido são minhas, esse universo que é o meu e a responsabilidade de apresentar isso à alguém...
A preciosidade de cada palavra, se mal colocada... Posso arruinar vidas, sejam reais ou sejam as minhas milhares de vidas que domino a cada nova história e esse cargo que assumo podem me custar até horas de uma longa noite acordada, a fio...
Podem me custar o descaso de abandonar, de abortar contos sem um fim, sem nem se quer um meio, por parecer muito ousado...
A ousadia também me custa certos preços e o que faço agora, é apenas relatar um lado de tudo que se passa na mente de um escritor, dos medos e inseguranças ao se mover.
Destorcendo cada trecho do que foi real, criando seus extremos, desenrolando da maneira que eu desejo ou não, mas acho necessária é o que penso e o que causa impasse de ir além, de criar todos os dias dezenas de contos por simplesmente não passar de minha imaginação, do que posso, sem receio de ferir, de estragar... De corromper o que já existe, o que já tomou seu devido lugar e já sabe sua posição.
Até mesmo esse devaneio, não quero que se assustem, se quisesse... Falaria isso da maneira mais clara, ou seria dramática...
Apenas me refiro da maneira mais imparcial, talvez nem tanto...
Afinal, sou como qualquer outro escritor e sinto... Sinto o vento soprar no meu rosto e penso em milhares de coisas que poderia escrever, analiso a morte em suas diversas formas e quaisquer que sejam os sentimentos, do mais apático ao mais aflorado, ali estou julgando, analisando, interpretando pra sempre criar...
Mas nem sempre realmente produzir.
O futuro da história torna-se conseqüência do que criei, do que desejei aos meus personagens, eu me sinto como... Como se fosse o destino, eu sou o destino que impôs determinado comportamento diante de vidas que já se ocorriam, que já se viviam em lugares e pensamentos remotos, criações não são apenas elas, assim... A esmo, cabe a mim o papel difícil de julgar, de explicar suas ações e tentar compreender e transmitir o que eles sentem, como a cena prosseguiu e alguns por quês que muitas vezes nem mesmo eu posso saber, são tantos os segredos e mistérios do comportamento humano, são tantas as dúvidas e razões de estarmos ou deixarmos de existir e são tantas as escolhas, como sentenciar certos atos e descrever num impulso o reflexo de um bom ou mau dia, transformar o simples em algo tão grandioso.
Minhas palavras são a única coisa que realmente possuo, são apenas minhas e de todos aqueles que criei resgatando de alguma parte, mas são só minhas... Meu lado egoísta, o meu orgulho e satisfação no produzir, no sentir que ao menos nas poucas vezes que sento diante desse computador ou com uma caneta e um velho caderno ou folha de papel transformo o que quero e sei que isso é o meu trabalho, a junção das palavras em frases que fazem um pouco de sentido são minhas, esse universo que é o meu e a responsabilidade de apresentar isso à alguém...
A preciosidade de cada palavra, se mal colocada... Posso arruinar vidas, sejam reais ou sejam as minhas milhares de vidas que domino a cada nova história e esse cargo que assumo podem me custar até horas de uma longa noite acordada, a fio...
Podem me custar o descaso de abandonar, de abortar contos sem um fim, sem nem se quer um meio, por parecer muito ousado...
A ousadia também me custa certos preços e o que faço agora, é apenas relatar um lado de tudo que se passa na mente de um escritor, dos medos e inseguranças ao se mover.
Destorcendo cada trecho do que foi real, criando seus extremos, desenrolando da maneira que eu desejo ou não, mas acho necessária é o que penso e o que causa impasse de ir além, de criar todos os dias dezenas de contos por simplesmente não passar de minha imaginação, do que posso, sem receio de ferir, de estragar... De corromper o que já existe, o que já tomou seu devido lugar e já sabe sua posição.
Até mesmo esse devaneio, não quero que se assustem, se quisesse... Falaria isso da maneira mais clara, ou seria dramática...
Apenas me refiro da maneira mais imparcial, talvez nem tanto...
Afinal, sou como qualquer outro escritor e sinto... Sinto o vento soprar no meu rosto e penso em milhares de coisas que poderia escrever, analiso a morte em suas diversas formas e quaisquer que sejam os sentimentos, do mais apático ao mais aflorado, ali estou julgando, analisando, interpretando pra sempre criar...
Mas nem sempre realmente produzir.
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